quinta-feira, abril 26, 2007

E a dormência me move
Faz de meu corpo transporte
Pesado, de carne
E ossos
Doloridos
Osso e carne
Digeridos
por

segunda-feira, abril 02, 2007

Sinto um frio percorrer as unhas e correr os cabelos. As unhas racham, os cabelos caem. Ninguém nota, tampouco conto. Meus cabelos se desprendem e cochicham a sensação do cair. “é como se enchesse o corpo de ar, numa eterna dança flutuante, entre moléculas de água, pó, e um pouco brilho. não há de sentir a queda final pois ela não sente” Fio a fio, vão caindo, devagar. Não os via ao cair. Agora estou presa numa teia de fios, todos meus. Todo o esforço das unhas rachadas não mede um fio de cabelo. E elas crescem, sem parar. De rachar; num incessante ciclo de crescimento, barrado pela teia capilar e as fissuras de sua própria existência. Frágeis caracóis que ao se formar caracóis, co-rompem.
"é a característica de seu material, prevísivel e incerta" - sussurram ao meu ouvido.

sábado, março 31, 2007

Mal-dita herança
Pesa sobre cabeça
Oca

Mal-dito
homem
Comunicou

Mal-dito ditos,
não ditos
e as pre-posições

Mal dita língua,
Bem-dito beijo.

sexta-feira, março 30, 2007

Embriaguez lacrimal,
Salinidade saturada
afogamento no deserto.

Embebida em lágrimas
Saturadas no deserto
Afogadas no sal

Me afogo em lágrimas,
No salgado deserto,
vivo o Mar Morto

domingo, março 25, 2007

A pobre menina

Lá vai a pobre menina.
Acorda cedo, veste esperanças,
toma fôlego e sai; e fica à espera.
E espera encontrar alguém
que sinta cores

Um encontro.

Do prisma que despedaça a luz
e dele correm feixes coloridos,
e de encontro vão ao seu olho.

Ela voa,
com seu brilhante colar de plástico
dando voltas no pescoço
(Do seu olho).

Em vão.

A luz decomposta
te atingiu há muito.

Mas ela; tem os olhos de vidro.

sábado, fevereiro 17, 2007

te quero mais.
das certezas que não tinha,
lançou-se uma em minha direção,
e do espaço, uma nuvem etérea,
lembra-me
do absurdo.
minha incerteza,
em ti consome.
e o combustível me alimenta.

sexta-feira, janeiro 19, 2007

Memórias de um sonho esquecido,
Palavras a serem inventadas,
E um pouco mais do repetido.
Da ausência do não-dito,
Posto que ainda sinto.
Ou minto?

sexta-feira, janeiro 12, 2007

suportar o insuportável.
insupor .
in.

quarta-feira, janeiro 03, 2007

Roupas no varal,
música no rádio;
as roupas dançam,
a música seca;
eu, nua
e surda.